Após 11 meses e 13 jogos, acabou o ciclo de Emily Lima à frente da Seleção Feminina de Futebol. A decisão tomada pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pegou jogadoras e treinadora de surpresa. “Saio com a cabeça muito tranquila, com a comissão técnica toda sabendo do trabalho que fizemos e, o mais importante, sem ferir meus princípios”, comentou Emily.
A demissão de Emily gerou indignação em boa parte daqueles que acompanham o futebol feminino brasileiro. A modalidade tem raros apoios na mídia esportiva, com jogos em horários incomuns (15h em dia de semana), competições sem transmissões e, muitas vezes, sem apoio nenhum dos grandes clubes. Contudo, vale destacar os jogos entre Iranduba x Flamengo e Iranduba x Santos, no último Brasileirão da categoria, sempre com público superior a muitos estaduais masculinos.
Ano passado, quando assumiu a Seleção Feminina, Emily substituiu o técnico Oswaldo Alvarez (Vadão), em um momento em que a CBF queria dar mais personalidade para o time brasileiro. A proposta era seguir os modelos adotados pela FIFA e diversos países, com uma Seleção permanente e sempre comandada por uma mulher. Ela, aliás, foi a primeira mulher a treinar o Brasil.
Com Emily no comando, o time teve sete vitórias, um empate e cinco derrotas. Os tropeços foram justamente contra seleções com melhor colocação no ranking Fifa. A treinadora definiu um calendário de jogos para manter a Seleção sempre em atividade e se destacou por buscar equipes fortes para estes desafios, enquanto dava oportunidade para jovens jogadoras.
“O que me deixa triste é que poderia fazer um trabalho muito melhor do que está sendo feito, mas a coordenação da nossa Seleção e da modalidade em nosso país está nas mãos de uma pessoa que não sabe uma vírgula de futebol feminino”, comentou Emily Lima, que tem mais de 25 anos dedicados ao futebol feminino.
A demissão de Emily aparece como um retrocesso, já que a treinadora não teve o tempo hábil para implementar seu estilo e participar de grandes competições. Afinal, neste período ela buscou grandes desafios e são nas derrotas que evoluímos. Porém, o cargo de técnico no Brasil, no futebol masculino, já é totalmente inseguro, imagina então na modalidade feminina.
Em protesto, a atacante Cristiane, atualmente na China, declarou sua aposentadoria da Seleção Feminina Brasileira. A jogadora disse não concordar com a decisão da CBF e cobra mais investimento para desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. “Hoje se encerra meu ciclo na Seleção Brasileira. Muito triste saber que não vou jogar meu último Pan-Americano, última Copa américa, última Olimpíada, última Copa do Mundo”, declarou a atleta que tem 117 partidas com a camisa do Brasil.
Cristiane disse não entender o motivo que levou a demissão de Emily em tão pouco tempo. Ela que está na Seleção há mais de 10 anos fez duras críticas ao comando da CBF.
Todas as outras (comissões) que passaram tiveram muito tempo de trabalho, um ciclo grande. E essa não teve esse tempo de trabalho. Só porque era mulher?”, indagou.
Vadão assume a Seleção Feminina
Oswaldo Alvarez ficou à frente da Seleção entre 2014 e 2016, disputando a Copa do Mundo em 2015 (eliminada nas quartas de final) e Olimpíadas 2016 (4ª colocada). Agora, a missão é preparar o time para o Sul-Americano 2018 e Olimpíadas de Tóquio, em 2020.
Técnicos da Seleção Feminina de Futebol
Não existe um catálogo, uma bibliografia da CBF que permita identificar todos os treinadores que se passaram pela Seleção desde o primeiro jogo, lá em 1986, contra os Estados Unidos. Nossa ideia é reunir aqui todos os técnicos que já comandaram o Brasil até o presente.
- 1995 – 2000 – José (Zé) Duarte
- 2000 – 2004 – Renê Simões
- 2004 – 2006 – Luiz Antônio
- 2006 – 2008 – Jorge Barcellos
- 2008 – 2011 – Kleiton Lima
- 2011 – 2012 – Jorge Barcellos
- 2012 – 2014 – Márcio Oliveira
- 2014 – 2016 – Vadão
- 2016 – 2017 – Emily Lima
- 2017 – Vadão
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